domingo, 26 de junho de 2016

Death Cargo/Gorebreaker: Quando?


Em 2009, na Itália, um homem chamado Giulio de Santi fundou uma companhia chamada Necrostorm, com foco em produzir desenhos, jogos e filmes. 


A empresa se consolidou em 2010, e maior parte de seus produtos são filmes, fazendo a maioria deles através da internet, além de eles mesmos cuidarem da tarefa de distribuir o conteúdo que produzem. Todos os seus produtos tem a característica de seguirem uma linha ultraviolenta, e, como os filmes splatter que são, entrariam com facilidade na lista de Video Nasties se tivessem sido lançados na época em que essa “categoria” de filmes ainda estivesse em vigor.

O primeiro filme deles foi Adam Chaplin, lançado em 2011, dirigido e estrelado por Emanuele de Santi, irmão de Giulio, e conta a história de um homem cuja esposa é assassinada por uma gangue e, para se vingar, se alia a um demônio e sai matando todos em seu caminho. Algumas cenas lembram bastante (como também apontam muitos que assistem ao filme) o mangá e anime Hokuto no Ken; talvez tenha sido a intenção, tanto que o nome da “técnica de sangue” que eles usam se chama HABS, que significa Hyperrealistic Anime Blood Simulation (Simulação de Sangue de Anime Hiperrealista).


Em 2012, Giulio de Santi estrelou e dirigiu Taeter City, um filme onde uma cidade chamada Taeter é controlada pela Autoridade, uma organização de controle de sociedade que possui um dispositivo que consegue distinguir os criminosos dos cidadãos comuns. Esse dispositivo lança uma onda de rádio especial que faz com que os criminosos cometam suicídio, então os corpos dele são aproveitados para servir de alimento a uma sociedade virtualmente livre de criminalidade, porém, chega uma hora que o sinal começa a não dar mais a ideia de suicidio, e sim fazer com que os criminosos fiquem mais fortes.


Hotel Inferno foi lançado em 2013, dirigido também pelo Giulio de Santi, onde um assassino é contratado para matar um poderoso e rico alvo em um de seus hoteis, porém lá, esse assassino descobre que foi colocado em uma armadilha para ser morto por um bando de criminosos que fazem parte de um culto maligno. O filme foi todo filmado do ponto de vista do protagonista, como se fosse um jogo de FPS mesmo (muitos dirão que a sequencia em primeira pessoa que fizeram no filme do Doom ficou melhor).


Esses três são os filmes mais conhecidos da Necrostorm, mas eles também tem mais dois outros filmes lançados, chamados Infidus (esse já é mais comum, estilo o filme do Justiceiro com o Thomas Jane) e Judy (filme de fantasmas).

 
Em 2011, a Necrostorm resolveu se aventurar no ramo dos jogos e soltou na internet um anúncio de que estavam fazendo um jogo de luta chamado Death Cargo. Ele era pra ser um jogo de luta 2D com sprites digitalizadas e ataques e finalizações hiperviolentas, bem estilo o Mortal Kombat, mas com a violência mais detalhada. Enfim, lançado trailer, lançado hype, o site da Necrostorm oferecia a opção de compra e é lógico que teve gente que comprou; quem não iria querer desferir aqueles ataques e ver toda aquela violência como há muito não se via num jogo de luta (pelo menos um 2D… ou com sprites digitalizadas).

Só que aí surgia um problema. Feitas as compras, os consumidores só tinham agora que esperar o jogo chegar. Pois foi só isso que ficaram fazendo: esperaram. Aparentemente, muitas, senão todas as cópias encomendadas, fossem digitais ou físicas, não chegaram aos clientes, como relatou este artigo do Kotaku. Nele, Yannick LeJacq, o escritor do artigo, mandou um e-mail para a Necrostorm perguntando sobre as reclamações dos clientes, eles disseram que “o jogo existe de fato desde março 2014” e que quem dizia que não conseguia jogar era um “troll que estava começando a [os] incomodar”. Yannick comprou uma cópia do jogo e passou pelo processo de ativação que inclui baixar o .rar do jogo, extrair, iniciar o executável, copiar o código que aparece no jogo, mandar pra Necrostorm e esperar uma resposta com o código de ativação, colocar no jogo, fechar o programa e esperar que mandem um código de ativação para a criação de um save…



Enfim, uns dias depois, o Yannick recebeu o segundo código de ativação, mas esse código precisava de outro processo parecido com o do próprio jogo, então ele teve de esperar a Necrostorm mandar OUTRO código pra que ele pudesse então colocar no jogo e poder jogar em paz. Enquanto isso, ele deu uma fuçada pelos fóruns do jogo e começou a ver gente falando que tinha realmente recebido cópias do jogo, cópias funcionais e tal. Só que muitos deles dizem que o jogo parece inacabado e, pelos trailers dos “fatalities” e do jogo em si, parecia mesmo estar ainda em estado de desenvolvimento.


Indo pra 2015, a Necrostorm lançou o trailer de um filme chamado The Mildew from Planet Xonader, uma espécie de tributo aos filmes de alien dos anos 80 com aquele “charme” splatter deles. Segundo o trailer, o filme só sairia em janeiro de 2016. Enfim, esse filme é um tie-in para um jogo, também da Necrostorm, chamado Gorebreaker.
Na página do jogo no site da Necrostorm, a produtora oferece um pouco do próprio lado da história do Death Cargo.

“Queridos Fãs

Aqui na produção da NECROSTORM, encontramos um número de problemas de orçamento que impediram Death Cargo de ser o jogo que queriamos que fosse. Enquanto tinham algumas coisas com as quais ficamos satisfeitos, haviam várias que não ficamos tão satisfeitos.

Sentiamos que precisavamos fazer MELHOR

Com o sucesso da nossa campanha ‘GOLPE’ e das vendas do Death Cargo, conseguimos assegurar o dinheiro que precisavamos para fazer o jogo que sempre quisemos fazer.”

Daí que então vem Gorebreaker. A empresa diz que é uma forma de remake e melhora do Death Cargo, desativando a compra dele e parando com os updates. O Gorebreaker terá gráficos e sons remasterizados, um gameplay mais parecido com os dos Mortal Kombat 2 e 3, mais violência, todos os personagens que já estavam no Death Cargo e DLCs gratuitas pra quem comprar. Segundo a página do anúncio, quem comprou o Death Cargo vai receber Gorebreaker de graça, sem custo algum, seja por DLCs, updates ou patchs. Ainda disseram que o jogo estaria disponível para compra em edições normais, digitais e de Colecionador antes do final de 2015. Já estamos na metade de 2016 e o único update notável foi a adição do plot do jogo. Também seria produzida uma série de filmes que servirão como tie-ins ao jogo, o primeiro deles sendo o já mencionado The Mildew From Planet Xonader.

 

A Campanha “Golpe” (Scam)

 

Em junho de 2014, Giulio de Santi se explicou sobre toda essa situação através do Facebook.

Ele disse que, quando Adam Chaplin foi lançado e eles viram os resultados das vendas, o amigo dele, Marco Viola, Diretor da Splattercontainer, perguntou a ele numa entrevista o porquê de não ter dublado Taeter City em italiano. Dizendo honestamente que sabia que em inglês o filme iria vender mais, ele resolveu fazer uma “estratégia esquisita de marketing”. Inspirado em “talk shows da TV italiana onde os políticos gritam e ofendem uns aos outros”, disse na entrevista que “nunca [lançariam] um filme em italiano, e que [a Itália] é um saco”. Estranhamente, apesar de ofensas e pessoas odiando suas respostas, as vendas aumentaram. Foi daí que ele teve a ideia de tentar algo em uma escala maior.


Quando começaram a fazer Death Cargo, decidiram criar “fatalities falsos” pra chamar a atenção de jogadores. Daí começaram a fazer o jogo com a ajuda de seus fãs, mas como em toda produção, problemas começaram a aparecer. No mesmo período, a atenção sobre o jogo começou a aumentar, tanto o hype quanto o rage sobre o jogo. A Necrostorm então lançou 4 gameplays e 7 betas, a partir daí pararam de lançar qualquer coisa sobre o jogo. Com isso, aumentou o número de pessoas falando mal do jogo, mas isso fez também aumentar o número de pessoas que então ouviram falar sobre ele.


Quando terminaram o jogo e todas as sugestões de fãs estavam colocadas, resolveram colocar o jogo em pré-venda, sem nenhum material promocional novo. Na época contavam com cerca de 18,5 mil consumidores de seus filmes, mas apenas cerca de 800 pessoas compraram o jogo. Decidindo colocar mais lenha na fogueira, a Necrostorm ofereceu um terço do reembolso a quem comprou o jogo para que não mostrassem nada dele na internet. Algumas imagens e capas acabaram saindo, mas segundo eles, isso não era nada de mais, só fez as dúvidas sobre o jogo aumentarem. Foi aí que apareceram mais problemas, umas cópias do jogo não conseguiram ser entregues aos seus compradores, que começaram a postar os comentários de reclamação já esperados em qualquer situação como essa. Isso, junto com mais algumas manobras como imagens e desculpas absurdas para atrasos de trailers, fez mais comentários de ódio aparecerem, também aumentando a curiosidade e o número de vendas do jogo.


Nesse ponto, lançaram a edição digital do Death Cargo e várias pessoas compraram. Começou aí um novo estágio no plano deles: eles simplesmente começaram a recusar as compras e não distribuir as cópias digitais do jogo. Lógico que isso gerou muita raiva nos fóruns da Necrostorm, e foi nessa época que aconteceu o que, segundo eles, estavam esperando: foram contatados por Yannick LeJacq, o moço que escreveu o artigo sobre o Death Cargo pro Kotaku. “Jogando o jogo pelas regras deles”, a Necrostorm começou a ameaçar as pessoas com ações legais, aumentando tanto o hype (será que nessas horas ainda tinha hype?) e a raiva das pessoas que falavam do jogo em foruns. Em segredo, a quem já tinha as cópias do jogo, pediram que mantessem tudo em segredo. Por fim, desbaniram os “haters” e pararam de remover os comentários.


Segundo eles, com toda essa presepada eles conseguiram o dinheiro o suficiente pra ou na época terminar o Death Cargo ou já começar o processo de remasterização com o Gorebreaker (não tem em lugar nenhum quando começou a produção do Gorebreaker então fica essa dúvida no ar).


Será que Gorebreaker vai chegar a existir algum dia?

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